terça-feira, 7 de junho de 2011

LITERATURA NA SALA DE AULA -texto publicado na revista CLUBE EU GOSTO- Ed. IBEP nº II- Out/Nov -2008





O objetivo no trabalho com livros de literatura infantil e juvenil na escola nem sempre garante a formação de leitores, uma vez que o cunho didático-pedagógico antecede o compromisso em despertar o hábito e o gosto de ler na utilização da literatura como ferramenta de sedução e encantamento que garanta cidadãos críticos e criativos e amantes da leitura.
A construção de leitores começa bem antes da aquisição da língua escrita, ela começa com as histórias contadas, segundo Fanny Abramovich:

 "Ah!Como é importante para qualquer criança, ouvir muitas, muitas história... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e compreensão do mundo.”

Crianças que participam de atividades de contação de histórias na escola e em casa tem uma predisposição bem maior em se interessar por livros, afinal geralmente são deles que “saem” tantas histórias que ficam em nós.

Destaco também o cuidado com as imagens, nos livros seu valor é tão grande quanto do texto escrito. Propor atividades de leitura e construção dessas imagens, desafiar a criatividade ao sugerir que na ausência de imagens a criança desenhe a história, poderá formar um olhar sobre a edição dos livros de literatura, chamar atenção aos traços, as técnicas utilizadas, ao material que compõe a imagem, ao ilustrador, enfim , explorar esse aspecto que muitas vezes é renegado ao segundo plano,  para o leitor iniciante a imagem é importante, é a partir dela que ele tece suas histórias.

Os livros de imagem, conhecidos como livros sem texto, o que discordo afinal são livros de muitos textos, é uma janela de oportunidades de trabalho e de projetos, não devem ser restritos a Educação Infantil, pelo fato da criança não ter aquisição da língua escrita, ele pode e deve ser utilizado nos demais anos de escolaridade como proposta para construção de poesias, narrativas, paródias, dramatização e outras atividades interessantes e criativas.

Desenvolver o trabalho com a poesia requer a criação de um “clima para”, ou seja, um planejamento que envolva as crianças, seleção de poesias de vários autores, compatíveis com a faixa etária a que se destina, ler para eles. Não uma simples leitura, pois ler poesia é sentir , ver , refletir sobre, captar seu sentido e sentimento.



A poesia também é momento de grande relevância no processo de sedução à leitura, uma vez que agrada a criança de todas as idades. Nos primeiros anos de escolaridade são os preferidos àqueles que possuem rima, repetições, sons (onamatopéias), nos anos intermediários as crianças gostam de poesias sobre animais, natureza, identidade e nos últimos anos do ensino fundamental temos um “leque de opções” que abrange tudo o que foi sugerido além de músicas, poemas de amor, sobre a vida e sobre adolescência.

Nós educadores temos que ter paixão pela leitura, se queremos que nossos alunos leiam, afinal, ninguém dá aquilo que não tem, não podemos estimular uma criança a ler se nós mesmas não nos interessamos pela leitura, logo é urgente essa auto formação em direção a leitura .Nesse movimento de formação de leitores, competência primordial à aquisição do conhecimento, deve o professor sair na frente e garantir uma prática coerente a seu discurso..

Temos uma missão mostrar que ler é prazeroso, que ler é ir além do que o autor propõe, é acordar as palavras, no sentido de fazê-las dar vida aos personagens e movimentos e sons ao texto no imaginário de cada um. é transceder ao título, permitindo que venham de encontro ao que trazemos em nossas experiências de vida, em nosso saber, que venham de encontro ao que somos e sonhamos ser.

Produtores do texto, viajamos de um lado a outro do espaço de sentido, apoiando-nos no sistema de referência e de pontos, os quais o autor, o editor, o tipógrafo balizaram. Podemos, entretanto, desobedecer às instruções, tomar caminhos transversais, produzir dobras interditas, nós de redes secretos, clandestinos, fazer emergir outras geografias semânticas.” Pierre Lévy

Quando uma criança descobre tudo isso a leitura tem um outro significado para ela, passa ser passaporte para infinitas viagens pelo tempo e espaço numa dimensão jamais projetada por ela. Nesse momento o que lhe importa não é a quantidade de páginas de um livro mas a qualidade do texto.

Bibliografia

Abramovich, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices.São Paulo: Scipione, 1994.

Lévy, Pierre. As tecnologias da inteligência o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Ed.34, 2004.

Zilberman,Regina. A Literatura Infantil na Escola. São Paulo: Global Editora, 2003.

Cury, Maria Zilda e outros.Intertextualidades:teoria e prática.Belo Horizonte : Editora Lê, 1998.






Nenhum comentário:

Postar um comentário